A jornalista Andressa Collet – que mora em Roma e trabalha pertinho do Papa no Vaticano – viveu, em 2019, um Natal especial quando seu filho, nascido na Itália, ou pela primeira vez as festividades em Erechim. Antes da data ela conversou com nossa equipe e relembrou tempos idos e projetou o que estava por vir.
“Qual a lembrança de Natal mais importante pra mim? A que virá, com certeza! Falo de um futuro próximo, pois, depois do nascimento do meu filho há quase dois anos, na longínqua Roma, este será o primeiro Natal dele em Erechim, naquela que, para a Família Collet, é a nossa eterna Belém – como sempre nos lembra o tio Frei Fiorelo.
O Natal deste ano será conjuntamente importante pelo batismo do filhote no dia anterior à vigília do nascimento do Menino Jesus. Tio Fiorelo, que nos abençoou no matrimônio, também o fará no primeiro Sacramento do Leonardo para que, na noite de Natal, seja apresentado à família e à comunidade - isso porque, todo ano, lá na casa do pai, o Seu Rovilio faz uma missa de ação de graças com a vizinhança do Morro da Cegonha.
E essa é uma de várias recordações que guardo na memória: durante a tarde do dia 24 saímos os quatro filhos em romaria pelas casas dos vizinhos convidando para a missa da noite. A celebração era um momento de encontro, oração e confraternização. Quando se é criança, não se tem muita noção do que isso representa, mas fazia parte de um grande evento pra gente. Hoje, com 40 anos e conseguindo vislumbrar melhor os valores que meus pais transmitiram pra nós, o Natal vira realmente um período para concretizar uma rede de bons sentimentos, de acolhimento, de perdão, de vida em família.
Como diria o Papa Francisco, a gente não deve ter medo de recordar o que é o Natal. Particularmente, farei sempre todo o meu esforço para transmitir esses valores ao meu filho.
É claro que o nosso Natal em Erechim também foi muito festejado com a chegada do Papai Noel e com o amigo-secreto, mas a celebração eucarística lá de casa, sempre realizada pelos meus tios sacerdotes, toma uma dimensão especial. Outro grande evento era montar e decorar a árvore – numa época em que os pinheiros eram cortados e replantados. Na metade do ano acontecia a escolha da árvore na casa de uma senhora que nos fazia percorrer o quintal vendo as opções. Depois de escolhido, o nome do pai em papel era envolvido num plástico e amarrado no pé da árvore para identificação. Em dezembro acontecia a entrega: era um evento para os filhos buscar o pinheiro, fazer o delicado transporte na Parati aberta, e trazer a grande árvore pra dentro da sala. E de tão grande sempre ia até o teto! Continuava dali a festa para a sua decoração, com escadas e tudo, quatro filhos mais a vó ajudando, regados sempre pelas canções de Natal que ecoavam de casa, nesse tempo abençoado.
Ah, mas da minha avó polonesa também vinha a tradição de partir o ‘Oplatek’, um tipo de hóstia não consagrada, mas abençoada pelo sacerdote e um símbolo da presença de Jesus na família. Na véspera de Natal, o pai começava a cerimônia com Oplatek em mãos, o partia com a mãe e, assim, sucessivamente com todos da família, compartilhando tudo o que é bom.
Que, diante do Menino Jesus, todos possamos renovar esses bons valores, agradecendo pela beleza da vida e nos perdoando mutuamente, além de procurar fortalecer os vínculos fraternos, seja em família, entre os amigos, os próprios vizinhos e o nosso Brasil, tão machucado e necessitado de amor e empatia. Que o Natal seja um grande encontro de esperança! Buon Natale a tutti!”.