Idiomas originais da Bíblia
Lembremos que a Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, ao longo dos anos no primeiro século da era cristã e traduzida para os diversos idiomas pelo mundo à fora até chegar à atualidade.
É de estranhar, portanto, certas expressões e significados nela contidos que hoje, aparentemente não fazem sentido.
Idioma hebraico
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo XXIII, item 3, Kardec faz um alerta sob mais um aspecto:
“A língua hebraica não era rica, e havia muitas palavras com vários significados. Tal é, por exemplo, aquele que, no Gênese, designa as fases da criação, e serviu a uma só vez para exprimir um período de tempo qualquer e a revolução diurna; daí, mais tarde, sua tradução para a palavra dia, e a crença que o mundo foi obra de seis vezes vinte e quatro horas. Tal é ainda a palavra que se dizia de um camelo e de um cabo, porque os cabos eram feitos de pelo de camelo, e que foi traduzida por camelo na alegoria do buraco de agulha. ”
Abandonar pai, mãe e filhos
Encontramos em Lucas XIV: 25 a 27: “Uma grande multidão de povo caminhando com Jesus, ele se volta para eles e lhes diz: Se alguém vem a mim, e não odeia seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs, e mesmo sua própria vida, não pode ser meu discípulo. ”
Não se trata aqui da recomendação para menosprezar o dever filial e o amparo aos mais próximos, mas de dar mais atenção às coisas espirituais.
Lembrem do comentário anterior sobre a interpretação da expressão odiar, como: amar menos.
Kardec chama a atenção para o verdadeiro significado dessas afirmações do Cristo, a ser aplicado em todos os tempos: “Os interesses da vida futura prevalecem sobre todos os interesses e todas as considerações humanas. (Idem, item 4)
É de se considerar, como pontua Kardec, que na vida terrena muitos fatos ensejam separações entre pais e filhos como, pelo casamento deles, por exemplo; pelo dever de defender a pátria; por questões profissionais. São deveres que se sobrepõem a outros, como afirma o Codificador. Natural, portanto, que em dado momento, tenhamos que optar. Mas tais separações não rompem os laços de afeição; o amor de um filho para com seus pais e nem dos pais para com seus filhos.
Interpretar literalmente é um grande equívoco.
“Os verdadeiros laços de afeição são os do Espírito, e não os do corpo.” Tais laços não se desfazem “nem mesmo pela morte do corpo; que se robustecem na vida espiritual, pela depuração do Espírito, verdade consoladora que dá à criatura uma grande força para ar as vicissitudes da vida.” (KARDEC, Allan. Trad. Evandro Noleto Bezerra. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIII, item 7.)
(Próximo tema: Moral estranha – Parte IV)