Erechim e municípios da região do Alto Uruguai vivem um momento crítico diante do avanço da gripe (influenza) neste outono. Dados atualizados da Secretaria Estadual da Saúde (SES) revelam aumento expressivo nas hospitalizações por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) e uma preocupante baixa cobertura vacinal entre os grupos mais vulneráveis.
Em Erechim, polo regional, foram registradas 44 hospitalizações por SRAG, com 13 internações em UTI - o que representa quase 30% dos casos - e seis óbitos até o momento. Em toda a região do Alto Uruguai, os números são ainda mais alarmantes: 101 internações, sendo 29 em unidades de terapia intensiva, e 12 mortes causadas por complicações da doença.
Apesar dos esforços da Secretaria Municipal de Saúde, como os mutirões de vacinação, a cobertura vacinal segue muito abaixo da meta de 90%. Até 24 de maio, apenas 34% do público prioritário havia sido imunizado em Erechim. Entre os idosos, a cobertura era de 38,59%, nas crianças, 20,65%, e entre gestantes, 29,10%. Após a ação de vacinação do dia 24, mais de 24 mil doses da vacina contra a gripe foram aplicadas na cidade, que tem uma população estimada em mais de 80 mil pessoas a serem vacinadas.
Nova ação de vacinação está marcada para o dia 31 de maio, com foco nas escolas, aberta a toda a comunidade.
Cenário estadual
O quadro preocupante em Erechim reflete a situação do Rio Grande do Sul, que registrou em maio os maiores números de hospitalizações por gripe dos últimos anos. Só nas duas primeiras semanas do mês (4 a 17 de maio), foram contabilizadas 208 internações por semana, configurando os dois picos mais altos dos últimos três anos.
Até 28 de maio, o estado contabiliza 892 internações e 81 óbitos por influenza em 2025. Embora inferior ao mesmo período de 2024 (1.067 internações e 123 mortes), os números acendem o alerta para a necessidade de reforçar a vacinação.
A baixa adesão à campanha de vacinação é uma das principais preocupações das autoridades. A média de cobertura vacinal no Estado entre os grupos prioritários está em 38,2%, acima da média nacional (32,4%), mas ainda muito distante da meta ideal. Em números absolutos, mais de 1,8 milhão de pessoas dos grupos de risco seguem sem proteção no RS.
Internações e mortes entre não vacinados
Os dados da SES deixam claro o impacto da vacinação. Em 2024, 82% das pessoas internadas por gripe no RS não estavam vacinadas. Entre as crianças hospitalizadas, esse índice chega a 90%, nos idosos, 73%, e no grupo de 6 a 59 anos (com comorbidades), 91%.
Entre os óbitos por influenza, 77,5% ocorreram entre pessoas sem vacina. Entre crianças até cinco anos, não houve mortes entre vacinados. No grupo de 6 a 59 anos, 93% das mortes foram de pessoas sem imunização, enquanto nos idosos, 72% dos óbitos ocorreram entre não vacinados.
Por que vacinar?
A vacina contra a gripe é a principal forma de prevenção de casos graves e mortes. Segundo a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, a vacinação anual é fundamental, especialmente para idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades, que são os mais suscetíveis às complicações da doença.
A proteção da vacina começa cerca de 15 dias após a aplicação e tem maior efeito durante o inverno, quando há maior circulação do vírus. Ela protege contra os principais tipos do vírus influenza (A-H1N1, A-H3N2 e B).
Com a chegada do inverno, a intensificação da vacinação e dos cuidados preventivos é crucial para conter o avanço da gripe, especialmente em regiões como o Alto Uruguai, onde a pressão sobre o sistema de saúde já é evidente.