Existem certas coisas artificiais neste mundo que se tornaram tão naturais quanto a própria natureza, como o ato de se vestir. Não foi algo que nasceu junto com a humanidade, mas ou a ser uma necessidade conforme o clima do planeta se alterava. Hoje, todas as pessoas se vestem porque é essencial utilizar roupas.
Mas não são apenas a camisa e a calça que se tornaram naturais. Há outra coisa artificial que também virou comum ao longo dos anos, embora nenhum pouco essencial: a secada no rival. Desde que me entendo por gente, gremista seca colorado e vice-versa. Não basta apenas torcer para o próprio time, queremos ver o adversário sempre na pior.
Sou torcedor do Grêmio. E seco o Internacional sempre que posso. A última secada mais forte foi na Libertadores de 2023, quando o rival perdeu na semifinal para o Fluminense. Neste caso, o olho gordo funcionou. Tem vezes que não funciona. E tudo bem não funcionar.
A mesma coisa vale para o outro lado. Tenho diversos conhecidos colorados que secam o Grêmio, e que neste ano fizeram rigorosamente o mesmo que eu na temporada ada, nas oitavas da mesma Libertadores e contra o mesmo Fluminense.
Secar é uma arte subestimada. Ela nem precisa envolver o rival. Dou mais um exemplo pessoal na final da Copa do Brasil deste ano, entre Flamengo e Atlético Mineiro. Zero envolvimento de Grêmio e Inter. Porém, não queria de jeito nenhum que o time do Rio de Janeiro fosse campeão, pois seu título significaria o pentacampeonato, empatando com os gremistas em número de conquistas. Não queria ver outro time com o mesmo número de taças que o meu. Mas a secada não funcionou e o Flamengo agora tem cinco taças, igual ao Grêmio.