Ninguém dá muita bola para a quarta-feira. Ela não tem o drama da segunda, nem o alívio da sexta. É só… o meio. O famoso “meio da semana”, aquele ponto onde a gente para, olha para os dois lados e pensa: “Já foi tudo isso? Ainda falta tudo isso?”. Mas aí é que está: é justamente por ser esse meio do caminho que a quarta, principalmente à noite, tem um charme todo especial.
Enquanto o mundo corre de segunda a sexta-feira, a quarta dá uma desacelerada. As ruas estão menos lotadas, os restaurantes estão mais tranquilos, e até aquele barzinho que costuma ter fila no sábado parece estar com vaga sobrando. E alguém ao fundo diz: “Hoje é só para quem sabe aproveitar de verdade”.
É uma ótima noite pra fazer tudo sem pressa. Cozinhar alguma coisa gostosa, mas sem muito compromisso, tipo aquele macarrão com o que tiver na geladeira, que sempre surpreende. Ou então colocar a série em dia, sem maratonar, só um episódio mesmo, porque na quinta-feira ainda tem trabalho. Também é um bom momento para mandar uma mensagem para alguém que você gosta e que anda meio sumido. Só porque sim.
Tem quem aproveite a quarta para revisar o que foi feito desde segunda ou para planejar o fim de semana. Outros preferem usar o tempo para não fazer nada mesmo, e tudo bem. O segredo da quarta-feira é que ela não exige. Não tem obrigação de ser animada, nem de ser produtiva. Ela só existe. E às vezes, isso já é o suficiente.
Tem algo de criativo na quarta. Talvez porque a cabeça não esteja mais tão cansada como na segunda-feira, nem tão desligada como na sexta. Ela está no ponto. No ponto para ter uma ideia boa, escrever algo legal, desenhar, sonhar acordado ou até fazer um plano maluco. E se não fizer nada disso também, tudo certo.
Aliás, muita gente acaba criando seus próprios rituais de quarta-feira à noite. Uma taça de vinho, uma caminhada no Centro, um banho mais demorado, o futebol na televisão. Coisas que mostram que o viver está tanto nos grandes momentos quanto nos pequenos respiros no meio da correria.
E tem outro detalhe: a noite de quarta-feira é democrática. Você pode estar sozinho ou bem acompanhado, em casa ou na rua, cansado ou cheio de energia. Ela se adapta ao seu ritmo. É um momento que não exige performance. É quase um convite à autenticidade: seja lá quem você estiver sendo no meio da sua semana, não tem problema.
Na próxima quarta-feira, preste atenção. Pode ser que a noite dela esteja justamente oferecendo aquilo que você nem sabia que precisava: um pouco de pausa, um pouco de silêncio, um pouco de si próprio. Um instante de calma no meio da pressa.
PS: escrevi este texto na última quarta-feira à noite, depois de comer uma fatia de bolo.