Com o avanço das tecnologias e alterações nas dinâmicas sociais, o ainda não completamente revelado efeito da última pandemia e claro as inseguranças climáticas e econômicas que pesam em nossas consciências, nós, humanos, seres sociais, estamos buscando portos seguros nesta turbulência e também uma nova identidade.
Não tantas gerações atrás as pessoas contavam com grupos de quais faziam parte, seja o bloco de carnaval, sua paróquia, o clube do bairro, o grupo de amigos, o time que faz parte ou torce. Sua subcultura: gótico, metaleiro, punk, ‘do rap,’ pagodeiro. Ouvia o líder dos moradores, o padre, o pastor, seu pai de santo, seu prefeito, seu artista favorito, seu professor...
De lá para cá, as subculturas deram lugar a uma hegemonia eclética, pessoas que ouvem de tudo, assistem de tudo, vestem elementos com raízes variadas e parecia tudo bem, uma evolução até. Daí surgiram simulações sub culturais, agregando o conceito estético, sem ligações aos valores ou sequer apreciando sua arte em si. As uniões por região como clubes do bairro acabaram sendo vistas como ultraadas ou não refletindo ‘eu’ como alguém que realmente faz parte daquilo, no pós-internet não sou mais só um erechinense, sou global. As vezes nossa religião que foi nos ada por nossos pais também já não nos traz aquele sentido que uma vez tiveram, não perdemos nossa fé, mas o formato deveria ser diferente. Nossos líderes pareceram tão humanos e tão falhos...
Na falta disso tudo surgiram novas maneiras de pertencer e vivenciar essa união que tanto necessitamos. Exemplo dos Legendários talvez a maior febre do momento, que nada mais é que um grupo para pertencer e se encontrar do coletivo ao individual. Um “lugar” para ter uma comunhão com Deus diferente das tradicionais para quem busca isso e um porto seguro para essas pessoas que am por dificuldades e querem melhorar. Buscamos novas maneiras de conseguir o que sempre ansiamos como sociedade.
Outro fenômeno demasiado humano são os influencers, afinal precisamos ter alguém para idolatrar, nos inspirar, nos identificar. Com a queda dos grandes astros do cinema e música, estes usuários das redes sociais se tornaram nossas novas estrelas, com seu conteúdo cotidiano e rotineiro. Quase como os bastidores sem a grande produção na frente, mas as pessoas amam do mesmo jeito e brigarão fervorosamente em defesa de seus amigos virtuais. Ou pior brigarão por candidatos, não ideais ou propostas, mas pessoas físicas como se estes fossem seus melhores amigos ou inimigos mortais.
Concluindo estamos ando por uma era de incertezas cuja tradição parece desconectada, estamos perdidos e buscando nos reencontrar seja querendo desesperadamente o ado nostálgico que nunca existiu ou novos ídolos e grupos para nos conectar pois a identidade individual precisa de grupo.