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Expressão Plural 226c71

Atualidades e antiguidades 6oq2c

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Everton
Por Everton Ruchel
Foto Arquivo pessoal

Os avanços tecnológicos acontecem cada vez mais rápidos, a conectividade global aumenta todos os dias e o o à informação hoje é quase ilimitado. Ainda assim, não é raro ouvir, e sentir, que “antigamente era melhor”. Seja na música, nos brinquedos, nos esportes, nos programas de televisão ou no modo como as pessoas se relacionavam, há uma constante comparação entre o ontem e o hoje, geralmente acompanhada por uma amiga meio melancólica: a nostalgia.

Mas por que o ado, mesmo com todas as suas limitações, nos parece tão mais acolhedor do que o presente? A resposta pode estar menos na realidade dos fatos e mais na forma como a nossa memória funciona. O tempo age como um filtro emocional: tendemos a esquecer o que era difícil ou desagradável e a conservar aquilo que nos proporcionou prazer e segurança. Isso é especialmente verdadeiro na infância e adolescência, quando nossas primeiras experiências moldam quem somos. Um brinquedo simples ou um programa de televisão dos anos 80 ou 90, por exemplo, não é só um objeto ou um entretenimento, é uma cápsula de um tempo em que a vida parecia mais leve, porque nossas responsabilidades eram menores.

Além disso, há algo na simplicidade das coisas antigas que contrasta com o ritmo acelerado e por vezes caótico do mundo moderno. Os encontros, as cartas escritas à mão, os discos de vinil e até mesmo a programação televisiva com hora marcada. Tudo isso exigia paciência e intenção. Hoje, temos a conveniência da velocidade e do conteúdo sob demanda, mas muitas vezes ao custo da profundidade.

Outro fator é o excesso de escolhas e estímulos que enfrentamos atualmente. Em tempos ados, com menos opções, as experiências eram mais valorizadas. Um álbum musical era ouvido do começo ao fim, um filme era esperado com ansiedade na locadora, um jogo de tabuleiro reunia toda a família ao redor da mesa e as fotografias eram registradas somente no papel — 36 por vez. Hoje, com múltiplas telas disputando nossa atenção e conteúdos sendo consumidos em alta rotação, perdemos parte da capacidade de nos concentrar e de nos encantar. A fartura de possibilidades, paradoxalmente, nos deixa mais dispersos e menos satisfeitos.

É claro que nem tudo no ado era melhor. Avanços sociais, tecnológicos e médicos trouxeram melhorias inegáveis na qualidade de vida. Porém, a sensação de que “as coisas eram melhores antes” talvez seja um reflexo do nosso desejo por um tempo em que o mundo parecia mais compreensível e menos saturado de estímulos. A nostalgia, então, deixa de ser apenas uma saudade do que foi, e vira também um refúgio diante de um presente que muitas vezes exige demais e entrega pouco em troca.

Relembrar o ado pode ser um exercício muito saudável, desde que não se transforme em uma recusa do presente. O meio desse caminho está em resgatar o que havia de valor nas antiguidades, como a atenção ao detalhe, o tempo dedicado e o encanto das pequenas coisas, e integrar esses valores às nossas atualidades. O bom do ado não era apenas o tempo em si, mas o jeito como vivíamos ele.

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